A Geometria Sagrada tem sido, há milênios, um caminho de sabedoria e conexão espiritual. Entre seus símbolos mais conhecidos, está a Vesica Piscis, formada pela interseção de dois círculos. Mais do que um desenho harmônico, ela nos oferece um mapa simbólico para compreender experiências profundas da alma, como os traumas e a possibilidade de cura. Neste artigo, vamos refletir sobre como essa imagem pode nos ajudar a entender processos psíquicos e emocionais, inspirando novas formas de autocuidado e transformação.
O que é a Vesica Piscis?
A Vesica Piscis é uma figura geométrica criada pela interseção de dois círculos com o mesmo raio, onde o centro de um toca a circunferência do outro. O espaço central formado — semelhante a uma amêndoa ou um olho — é chamado de mandorla.
Desde a Antiguidade, esse símbolo é associado ao feminino sagrado, ao nascimento, à criação e ao portal entre dois mundos. No campo da espiritualidade, representa o ponto de união entre o divino e o humano, entre luz e sombra.
Trauma: quando o sentido se rompe
Muitas vezes, passamos por experiências que nos marcam profundamente. Situações que o corpo sente, mas que a mente não consegue traduzir em palavras. Isso é o que chamamos de trauma: uma ferida que ultrapassa nossa capacidade de compreensão naquele momento.
A psicanálise moderna entende o trauma não apenas como dor, mas como mensagens enigmáticas que ficaram sem tradução. Essas experiências, por não serem elaboradas, ficam congeladas dentro de nós — esperando um espaço seguro para emergirem e, quem sabe, ganharem um novo significado.
A mandorla como espaço de cura
A imagem da Vesica Piscis nos convida a pensar: e se esse espaço central — a mandorla — fosse um campo de encontro? Um lugar onde o trauma e a escuta se encontram. Onde o vivido doloroso se cruza com a possibilidade de acolhimento e ressignificação.
É nesse “entre-lugar” que a cura começa. Não negando o sofrimento, mas criando um ambiente onde ele possa ser revisto, recontado, transformado. Assim como na figura geométrica, onde os dois círculos se mantêm distintos, mas geram um terceiro campo — simbólico e fértil.
A importância da relação para a transformação
Psicanalistas como Ferenczi, Winnicott e Laplanche mostraram que ninguém cura sozinho. A transformação do trauma acontece na relação com o outro — um outro que escuta, que sustenta, que não julga. É nesse vínculo que o sujeito encontra o espaço para elaborar suas dores.
Assim como a Vesica Piscis é formada pelo encontro de dois círculos, a cura se dá no encontro humano: entre quem sofreu e quem acolhe. Entre o passado que fere e o presente que oferece sentido.
Uma reflexão para o coração
Quantas vezes carregamos marcas silenciosas, esperando que alguém nos veja de verdade? Quantas vezes fomos esse “alguém” para outra pessoa?
A Vesica Piscis nos inspira a criar mais espaços de encontro em nossa vida: com o outro, com nossas memórias, com nossa essência. Que possamos ser portais de escuta e presença, tanto para nós mesmos quanto para quem caminha ao nosso lado.
A Vesica Piscis, símbolo da Geometria Sagrada, nos mostra que o centro da dor pode também ser o centro da cura, quando habitado com amor, escuta e consciência. Não se trata de apagar o passado, mas de rescrevê-lo com novos significados.
Que este símbolo nos inspire a cultivar vínculos mais profundos, a honrar nossa história e a confiar: há sempre um novo sentido possível, mesmo no que um dia parecia sem saída.
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