Saúde e Espiritualidade Holística Aguas profundas, comportamentos dissimulados

Aguas profundas, comportamentos dissimulados

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Autor: Jon Sullivan
Provérbios sempre fizeram parte das culturas humanas, desde suas mais remotas origens. Hieróglifos do antigo Egito já registram a ocorrência de provérbios, partes do saber de Sócrates e Aristóteles estão expressas na forma de provérbios, a Bíblia contém milhares de provérbios, muito do que se sabe da milenar cultura chinesa foi transmitido ao longo de gerações na forma de provérbios, e o alcorão é a maior fonte de provérbios árabes.

Provérbios, também conhecidos por ditado popular, máxima, adágio, anexim, sentença, rifão, aforismo, etc., constituem parte importante de cada cultura. Provérbio é a expressão do conhecimento e da experiência popular traduzida em poucas palavras, de maneira rimada e ritmada, muitas vezes na forma de uma metáfora, com alegria e bom humor, uns satíricos, alguns sábios, outros geniais. Sob a luz da lingüística, provérbios são expressões de forte conteúdo semântico e alto poder comunicativo.

Então vamos utilizar dos proverbios mais conhecidos que tem uma curiosa correlação no dia a dia do negócios no Japão, segundo o artigo de Helio Ciffoni

No aru taka wa tsume o kakusu : Literalmente pode ser traduzida como “o falcão inteligente esconde suas garras afiadas”. Diz-se dos indivíduos que podem ser perigosos no trabalho, algo como no Brasil se diz de alguém que é “águas paradas… (são profundas e perigosas)”
Olhando para a mitologia grega, reforça-nos a personalidade  de Poseidon (Netuno para o romanos):

O Mar coube a Poseidon quando ele e seus irmãos Zeus e Hades tiraram a sorte para dividir o mundo. 

É o mar que representa o nosso inconsciente em sonhos ou metáforas. As emoções afloram na superfície e em suas camadas profundas habitam seres misteriosos, primitivos e miríades de formas que representam o inconsciente coletivo. É das profundezas do mar que Poseidon, por vezes, ergue-se enfurecido para depois recolher-se novamente. Ele é conhecido também como o "Portador das Inundações" e "Aquele que a Terra sacode", exprimindo seu enorme poder de perturbar e destruir a natureza humana.

Imagine-se contemplando o azul espelho da superfície do mar, sabendo que lá no fundo reina um deus irado e vingativo pronto para explodir a qualquer instante num acesso de fúria! Pois saiba, que estas são as características do arquétipo de Poseidon. "Águas paradas são profundas", diz a sabedoria popular e, podem também serem traiçoeiras. Esta é uma grande verdade, pois este arquétipo é encontrado em toda aquela pessoa que luta muito para manter o controle, propiciando que o seu mundo de emotividade fique reprimido, escondido nas profundezas de seu ser, mas que pode a qualquer instante, brotar do subterrâneo, como as lavas de um vulcão, colocando para fora todo o seu ódio e dor.

Tal comportamento encontra total acolhida no cerne da palavra Hipocrisia:  

A hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou, mais tarde, a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos. 

François duc de la Rochefoucauld revelou, de maneira mordaz, a essência do comportamento hipócrita: "A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude". Ou seja, todo hipócrita finge emular comportamentos corretos, virtuosos, socialmente aceitos.

O termo “hipocrisia” é também comumente usado (alguns diriam abusado) num sentido que poderia ser designado de maneira mais específica como um “padrão duplo”. Um exemplo disso é quando alguém acredita honestamente que deveria ser imposto um conjunto de morais para um grupo de indivíduos diferente do de outro grupo.

Hipocrisia é pretensão ou fingimento de ser o que não é. Hipócrita é uma transcrição do vocábulo grego "hypochrités". Os actores gregos usavam máscaras de acordo com o papel que representavam numa peça teatral. É daí que o termo hipócrita designa alguém que oculta a realidade atrás de uma máscara de aparência.

Encerramos por aqui, mostrando que por mais que o comportamento superficial mantenha uma "máscara" muitas vezes irreal, ela cai com o tempo, sobrevindo a sua verdadeira face.  E esta, apenas, que é real e a qual devemos expor e  conviver com ela em toda nossa vida, afinal nós somos reais? ou apenas uma ilusão?
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5Comentários

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  1. Amigo sensacional sua matéria, digna de ser lida, uma, duas, três, e quantas se fizerem necessarias para ter em mente uma leitura tão edificante quanto esta. Parabéns.
    Abraços forte

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  2. Excelente post amigo Geraldo.
    O tema foi muito bem abordado. Gostei muito.
    Forte abraço, Fernandez.

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  3. Geraldo
    Um post brilhante. Parabéns!
    Abraços
    Felipe

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  4. Olá Geraldo!

    É fascinante o teu artigo. Fingir o que não se é é uma necessidade humana de aceitação social. Todos nós em alguma altura das nossas vidas já nos mostramos cordiais com indivíduos irascíveis, já nos mostramos alegres quando nos apetece chorar. Mas eu não chamo a isso hipocrisia. Hipocrisia é enganar deliberadamente para obter algum benefício sobre o outro ou alguma situação. Hipócritas são os que escondem a sua verdadeira personalidade numa qualquer máscara para conquistarem os seus intentos. Os hipócritas têm sempre em mente o ganho real ou fictício, material ou psicológico, mas sempre egoísta.

    Grande abraço
    Luísa

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  5. Geraldo, muito interessante, voce abordou o assunto sobre comportamento apontando um provérbio antigo. A comparação revela perfeitamente as atitudes que nada mais são do que hipocrisias morais das mentes perigosas.

    Bjs

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