Os produtos que alegam "curar" o câncer são uma decepção cruel


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Cuidado com os produtos que alegam curar o câncer em sites ou plataformas de mídia social, como Facebook e Instagram. De acordo com Nicole Kornspan, MPH, diretora de segurança do consumidor da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA), eles estão galopando nos dias de hoje.

"Quem sofre de câncer, ou conhece alguém que sofre, entende o medo e o desespero que podem surgir", diz Kornspan. "Pode haver uma grande tentação de pular em qualquer coisa que pareça oferecer uma chance de cura."

Produtos médicos legítimos, como medicamentos e dispositivos destinados ao tratamento de câncer, devem obter aprovação ou autorização do FDA antes de serem comercializados e vendidos. O processo de revisão da agência ajuda a garantir que esses produtos sejam seguros e eficazes para os usos pretendidos.

No entanto, é sempre possível encontrar alguém ou alguma empresa que trafegue “tratamentos” falsos de câncer, que se apresentam de várias formas, incluindo pílulas, cápsulas, pós, cremes, chás, óleos e kits de tratamento. Anunciados frequentemente como tratamentos "naturais" e freqüentemente rotulados como suplementos alimentares, esses produtos podem parecer inofensivos, mas podem causar danos ao atrasar ou interferir em tratamentos comprovados e benéficos. Na ausência de aprovação ou autorização da FDA por segurança, eles também podem conter ingredientes perigosos.

Isso vale para tratamentos destinados a seres humanos e aqueles destinados a animais de estimação. "Cada vez mais, remédios falsos que alegam curar câncer em cães e gatos estão aparecendo online", diz Kornspan. "As pessoas que não podem gastar grandes quantias no hospital de animais para tratar o câncer em seus amados cães e gatos estão procurando remédios menos caros".

O FDA insta os consumidores a evitar esses produtos potencialmente inseguros e não comprovados e a discutir sempre as opções de tratamento contra o câncer com seu médico licenciado.

No Brasil, quem regula os medicamentos é a Anvisa ( Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que tem em seu portal, os medicamentos aprovados para tratamento de câncer.

Contramão da ciência


Quatro anos atrás, no auge da histeria nacional sobre a "pílula do câncer da USP", o então Ministério da Ciência e Tecnologia alocou uma verba de R$ 20 milhões para que a substância fosse submetida a testes de avaliação.

Havia enorme demanda popular para liberação imediata do uso médico da fosfoetanolamina produzida pelo químico Gilberto Chierice, que durante duas décadas foi distribuída ilegal e gratuitamente dentro do campus São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). A produção da tal pílula, dentro de um laboratório inadequado para a fabricação de material para consumo humano, já havia se tornado parte do folclore de São Carlos quando foi, finalmente, proibida pela reitoria.

A notícia da proibição, veiculada em escala nacional, fez com que a "fosfo" se convertesse em mania por todo o país.

Chierice, com vários trabalhos na área industrial, alega que sua pílula cura o câncer, qualquer tipo de câncer, desde que o sistema imunológico do paciente esteja intacto - ressalva que levou muitos pacientes a interromper tratamentos médicos sérios, como quimioterapia e radioterapia.

Infelizmente, o inventor se prendeu a uma visão da biologia do câncer superada já há mais de 70 anos. O arsenal contemporâneo de estratégias para combater as quase duzentas doenças diferentes conhecidas como câncer é enorme, e ganha cada vez mais qualidade e especificidade. Nos Estados Unidos, a taxa de mortes causadas por câncer caiu 27% nos últimos 25 anos, a despeito do aumento no número de diagnósticos.

Fonte: FDA e Anvisa

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