Estudo revela interações entre câncer e células imunológicas


Foram analisadas milhares de amostras em 32 tipos de câncer

Imagem: Christoph Burgstedt/Adobe Stock

Pesquisadores do Francis Crick Institute e do King’s College London revelaram as complexas interações entre o câncer e as células imunológicas que cercam um tumor, com o potencial de informar como os pacientes responderão à imunoterapia.

No estudo, publicado na revista Genome Medicine, os pesquisadores analisaram milhares de amostras em 32 tipos de câncer para examinar a maneira como a doença interage dinamicamente com o microambiente imunológico do tumor (TIME), permitindo que a enfermidade floresça.

O câncer evolui dentro do TIME, esculpido pelas células cancerígenas e, por sua vez, esculpe o genoma do câncer.

Essas interações dinâmicas têm impacto significativo sobre como o câncer se desenvolve e responde a tratamentos, como a imunoterapia.

Obter maior compreensão da interação câncer-sistema imunológico é, portanto, crucial para entender a biologia do câncer.

Etapas da pesquisa
  • Os pesquisadores se concentraram em classe de genes chamados de condutores de câncer, porque, quando alterados, eles ajudam a conduzir a doença;
  • Eles identificaram 477 desses condutores que interagem com vários recursos do TIME, sugerindo que eles impulsionam a formação do câncer interrompendo os processos biológicos dentro da célula, bem como interferindo no sistema imunológico;
  • O estudo também delineou a maneira como duas classes distintas de condutores de câncer, supressores de tumor e oncogenes, operam dentro do TIME;
  • Os supressores tumorais são genes que, quando inativados, auxiliam no desenvolvimento do câncer, enquanto os oncogenes precisam ser ativados para promover o câncer.

Descobertas
  • O estudo revelou que as alterações nos supressores de tumor são prevalentes em tumores com alta infiltração imune (quando as células imunes entram no tumor), provavelmente ajudando o tumor a escapar do sistema imunológico.
  • Os oncogenes são predominantes em tumores com baixa infiltração imune, sugerindo um efeito oposto no TIME.
  • Como os tumores com altos níveis de infiltração imunológica respondem bem à imunoterapia, esta pesquisa mostra que a carga de fatores alterados do câncer pode ser usada como biomarcador preditivo da resposta à imunoterapia.
Nosso estudo revela como as alterações genéticas impulsionam a evolução do câncer, interferindo não apenas nos processos dentro das células cancerígenas, mas, também, no sistema imunológico. Podemos explorar esse conhecimento para prever quem responderá à imunoterapia contra o câncer e interferir diretamente com esses genes para aumentar a resposta imune.Francesca Ciccarelli, professora, principal líder do grupo do Laboratório de Biologia de Sistemas de Câncer no Crick e autora sênior do estudo

Os pesquisadores também reconstruíram toda a cascata de eventos que ligam as alterações genéticas de fatores específicos do câncer às modificações do TIME a jusante.

Eles se concentraram no câncer de cabeça e pescoço, tipo de tumor que não responde bem à imunoterapia. Desenvolveram abordagem computacional baseada na biologia de sistemas, que lhes permitiu explicar os mecanismos pelos quais os condutores genéticos do câncer de cabeça e pescoço modificam o sistema imunológico.

Nossa análise descobriu ligações entre as causas do câncer e as alterações imunológicas nos cânceres de cabeça e pescoço. O mecanismo que impulsiona a alta infiltração imunológica em subconjunto de cânceres de cabeça e pescoço pode ser direcionado para o tratamento de imunoterapia. Hrvoje Misetic, cientista visitante do Crick e primeiro autor do estudo

Com informações de Medical Xpress

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