Nova geração de vacinas que previnem o câncer pode eliminar tumores antes de se formarem


Quando Dave Dubin soube aos 29 anos que tinha câncer de cólon, não foi uma grande surpresa. Seu avô e seu pai sobreviveram à doença. "Era quase o caminho dubin, e nós apenas continuamos", diz Dubin. Ele fez cirurgia e quimioterapia, mas seu câncer voltou 10 anos depois. Testes genéticos finalmente encontraram uma explicação para os testes de sua família: uma mutação em um gene de reparação de DNA que permite que erros genéticos se amontoem na divisão das células. A doença, síndrome de Lynch, vem com um risco de 70% de câncer ao longo da vida.

Dubin, 55 anos, recebe colonoscopias anuais, endoscopias e exames de imagem, que pegaram um terceiro câncer, em seu rim. Seu filho mais velho, Zach Dubin, 26, herdou a mutação de reparação de DNA e também é regularmente examinado para câncer. "Não é divertido. Ninguém gosta disso", diz Dave Dubin — não a preparação e procedimento de colonoscopia de 2 dias, nem a preocupação com possíveis tumores. A doença também o transformou em um ativista. Ele e sua família em Haworth, Nova Jersey, lançaram uma organização sem fins lucrativos, AliveAndKickn, para promover a pesquisa e a conscientização da síndrome de Lynch, que afeta cerca de 1,1 milhão de pessoas nos Estados Unidos.

"Há muita ansiedade nessa população de pacientes", diz o oncologista e geneticista Eduardo Vilar-Sanchez, do Centro de Câncer MD Anderson. "É um grande fardo psicológico." Na esperança de aliviar essa tensão, Vilar-Sanchez em breve liderará um teste clínico de uma vacina para prevenir ou pelo menos retardar os cânceres relacionados a Lynch. Se funcionar, Dave Dubin diz, "pode ser enorme."

Vacinas para prevenir certos tipos de câncer já existem. Eles têm como alvo vírus: o vírus da hepatite B, que pode desencadear o câncer de fígado, e o papilomavírus humano, que causa câncer cervical e alguns outros. Mas a maioria dos cânceres não são causados por vírus. O teste da vacina Lynch será um dos primeiros testes clínicos de uma vacina para prevenir cânceres não-virais.

A ideia é entregar no corpo pedaços de proteínas, ou antígenos, de células cancerosas para estimular o sistema imunológico a atacar quaisquer tumores incipientes. O conceito não é novo, e enfrentou ceticismo. Há uma década, um editorial da Nature descartou o objetivo de um grupo proeminente de defesa do câncer de mama de desenvolver uma vacina preventiva até 2020 como "equivocada", em parte devido à complexidade genética dos tumores. O editorial chamou a meta de "objetivo que a ciência ainda não pode cumprir". Mas agora, algumas equipes — incluindo uma financiada pelo mesmo grupo de advocacia, a National Breast Cancer Coalition (NBCC)— estão prontas para testar vacinas preventivas, em alguns casos, em pessoas saudáveis com alto risco genético para câncer de mama e outros. Seus esforços foram impulsionados por novas percepções sobre as mudanças genéticas nos primeiros cânceres, juntamente com o reconhecimento de que, mesmo tumores nascentes podem suprimir o sistema imunológico, as vacinas devem funcionar melhor em pessoas saudáveis que nunca tiveram câncer.

Fonte: Science

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